Intervenção do Terapeuta da Fala na Paralisia Cerebral

06/10/2023

A Paralisia Cerebral é uma perturbação do controlo da postura e do movimento, resultante de uma lesão não progressiva ou de uma malformação do cérebro em desenvolvimento.

A Paralisia Cerebral pode ocorrer durante a gestação, durante o nascimento ou nos primeiros anos de vida. Poderá ter uma variedade enorme de causas, sendo elas pré-natais, neonatais ou pós-natais.

Tendo em conta o envolvimento neuromuscular, pode ser classificada em:

  • Espástica: caracterizada por paralisia e aumento da tonicidade dos músculos, resultante de lesões no córtex cerebral e vias daí provenientes. Aproximadamente 75% total dos casos;
  • Discinética: caracterizada por movimentos involuntários e variações na tonicidade muscular, resultantes de lesões dos núcleos cerebrais. Aproximadamente 20% a 30% dos casos;
  • Atáxica: caracterizada pela diminuição da tonicidade muscular, incoordenação dos movimentos e alterações no equilíbrio, devido a lesão ou anomalia no cerebelo ou vias cerebelares. Aproximadamente 10% dos casos;
  • Mista: dois dos tipos acima descritos combinam, por norma o espástico e o discinético.

Frequentemente acompanhada por alterações de percepção, cognição, comunicação, alimentação e/ou comportamento, por epilepsia e por problemas músculo-esqueléticos secundários, dependendo da área afectada.

Embora seja uma condição estática, não progressiva, as suas manifestações clínicas podem variar ao longo do tempo, estando relacionado com o crescimento e a maturação cerebral. Com isto, a gravidade dos sintomas é variável.

A paralisia cerebral beneficia de uma equipa multidisciplinar ampla, constituída por vários profissionais, incluindo o Terapeuta da Fala.

Dependendo das alterações que a criança apresenta, o Terapeuta da Fala atua nas seguintes áreas:

  1. Comunicação;
  2. Fala;
  3. Linguagem;
  4. Alimentação;
  5. Motricidade orofacial.

O objectivo de intervenção do Terapeuta da Fala na paralisia cerebral é maximizar a comunicação, com recurso ou não a um sistema alternativo ou aumentativo da comunicação, e a alimentação. Juntamente, deverá fornecer orientações aos pais e cuidadores, melhorando a qualidade de vida, o bem-estar da criança e do seu meio envolvente e promovendo a sua autonomia.

Assim, o Terapeuta da Fala tem um papel fundamental na paralisia cerebral e a sua intervenção deve-se iniciar o mais precoce possível.

 

Elaborado por: Francisca Bessa de Carvalho, Terapeuta da Fala da Clínica Sagrada Esperança