A terapia da fala e o acidente vascular cerebral

28/10/2020

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma patologia muito frequente na actualidade, que resulta de lesões nas células cerebrais, que morrem ou deixam de funcionar normalmente, pelas seguintes razões:

  1. Obstrução do fluxo sanguíneo – denominado de AVC Isquémico e que corresponde a 85% dos casos;
  2. Ruptura de uma artéria intracraniana – denominado de AVC hemorrágico e que corresponde a cerca de 15% dos casos.

Sabe-se que a maioria dos indivíduos que sofrem desta patologia, apresentam dificuldades ao nível da comunicação e/ou da deglutição.
Após o AVC, dependendo da localização, da extensão e do tipo da lesão podem surgir complicações ao nível da linguagem (afasia), da motricidade orofacial e do acto motor da fala (disartria) e/ou da deglutição (disfagia). Segundo estudos científicos, estima-se que 30% a 40% apresenta alterações ao nível da linguagem, 20% a 30% apresenta alterações ao nível da fala e aproximadamente 50%, ao nível da deglutição.

Sendo o Terapeuta da Fala um profissional de saúde responsável pela prevenção, avaliação, intervenção e estudo científico nas áreas da comunicação humana e da deglutição, é indispensável e fundamental que seja um elemento activo e participante da equipa multidisciplinar presente na reabilitação dos indivíduos com AVC.

Assim, este profissional tem como objectivo principal maximizar a comunicação verbal e não verbal, minorando as capacidades perdidas e recuperando a autonomia e a funcionalidade nas rotinas diárias. Em caso de necessidade, também tem enfoque na promoção da qualidade de deglutição, minimizando as consequências graves da disfagia. Assim, a qualidade de vida é a palavra-chave da sua intervenção.

Após o AVC e caso se verifiquem sinais de alterações no campo de actuação do Terapeuta da Fala, deverá ser realizado uma intervenção terapêutica que contempla as seguintes fases:

  1. Recolha e análise de informação clínica e biográfica;
  2. Avaliação;
  3. Plano de intervenção individualizado e adaptado às dificuldades do indivíduo;
  4. Intervenção directa com o indivíduo;
  5. Intervenção indirecta com a família;
  6. Reavaliações.

Actualmente, está comprovado cientificamente que o Terapeuta da Fala deve intervir precocemente e que a sua intervenção tem como benefícios principais:
a) Diminuição do tempo de recuperação;
b) Diminuição do tempo de internamento;
c) Maior potencial de recuperação das competências afectadas, aumentando a capacidade de reorganização cerebral;
d) Ganhos na qualidade de comunicação e interacção social do indivíduo com as pessoas que o rodeiam;
e) Ganhos na qualidade de alimentação, aporte nutricional e menor risco de aspiração. Consequentemente, menor frequência de problemas respiratórios associados tais como pneumonias de aspiração e o risco de morte;
f) Aumento da autonomia e da qualidade de vida;
g) Diminuição da ansiedade e depressão pós AVC.

Concluíndo, o Terapeuta da Fala é um dos vários profissionais essenciais na reabilitação de indivíduos com AVC.

Por: Francisca de Carvalho, terapeuta da fala